segunda-feira, 31 de dezembro de 2012


A Bíblia e o Mundo

“Não fique conformado com este mundo, mas renove o seu entendimento para que tenha a experiência de saber que a...

  • A Bíblia e o Mundo
    “Não fique conformado com este mundo, mas renove o seu entendimento
    para que tenha a experiência de saber que a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável”. (Rm. 12:2)
    A Bíblia é o livro mais antigo do mundo.
    É, também, o livro mais lido do mundo e o mais vendido da história dos livros, com mais de 2 milhões de cópias vendidas*. Mas, por incrível que nos pareça, muitos cristãos da atualidade não estão mais lendo a Bíblia…
    Em minha experiência como cristão, tenho observado que nos últimos dias, os crentes já não examinam mais as escrituras antes de tomar decisões em suas vidas. Já não andam mais com suas espadas “afiadas”. Hoje, com o advento da rápida comunicação eletrônica através das redes sociais, os cristãos buscam soluções rápidas para os seus problemas. Você já percebeu? Ao passo que as redes crescem, a leitura da Bíblia diminui.
    Alguns cristãos da atualidade conhecem apenas os melhores “jargões” de suas congregações e, com muita facilidade decoraram o sistema da igreja de hoje. Mas, será que os cristãos de hoje meditam (refletem) mesmo na Palavra de Deus?
    Nós do Ministério Adore, uma equipe de voluntários adoradores, costumamos ir há muitas igrejas das capitais e do interior do Brasil. Costumamos ver muitos jovens sem o conhecimento da Palavra de Deus. Sem as suas Bíblias nas mãos. Alguns cristãos têm ido à Casa do Senhor, sem o seu principal CODIGO DE FÉ: a Bíblia. Muitos nunca a leram totalmente ou não extraem dela o que melhor tem para as nossas vidas. Alguns só a lêem mesmo para refutar coisas que não concordam na visão espiritual de outros.
    A maioria de nossos músicos já não leva as escrituras para consultá-la ou acompanhar o culto. Alguns músicos e bailarinos pensam que não precisam da Bíblia para ir aos cultos. Nossas reuniões, apesar de serem muito fortes, quase não têm a participação de nossos músicos, dançarinos e demais ministros de louvor e adoração. Esses filhinhos de Deus costumam sumir do culto como ninjas depois da “apresentação”, talvez estejam nos “camarins” ou saíram pela porta dos fundos por causa dos paparazis… Qual será o motivo de tal comportamento? Será a religião, a moda ou será a influência do mundo?
    O que está havendo com os adoradores da igreja de hoje?
    Será que estamos muito preocupados com as paradas de sucesso, com os shows, novas técnicas de som e imagem, esquecendo-nos da essência do culto, que é a verdadeira adoração?
    O livro de Salmos no capítulo 119:5 diz que a Palavra do Senhor é Lâmpada para os nossos pés e Luz para o nosso caminho.
    Lembro que quando fui chamado a servir a Jesus, aos doze anos de idade, fui visitado pelo Senhor primeiramente em sonhos.
    Nesse sonho recebi o chamado de Deus para a minha vida. Tenho certeza de que a figura muito alva e brilhante que conversou comigo não era anjo, mas o próprio Jesus porque os anjos não são evangelistas, os anjos não pregam.
    Procurei um amigo e juntos corremos na igreja e relatamos o fato à professora da Escola Dominical. Imediatamente ela me pediu para ajoelhar e orar com arrependimento. Naquela hora estava feita uma atitude pública de minha fé… Foi rápido. O diferencial nesse comportamento foi a ATITUDE. Uma atitude de fé!
    Meu primeiro presente daquela professora depois da oração foi um Novo Testamento. Como eu estava totalmente desesperado pela Bíblia, praticamente “engoli” aquele livro.
    A fome de Deus era tanta que li e refiz a leitura daquele NT tantas vezes que já nem lembro mais o número de vezes. Achava ele pequeno demais…
    Algumas semanas depois eu necessitava de um segundo presente… Precisava de uma Bíblia maior ou “completa”. Precisa saber sobre o Velho Testamento. Não sabia nada sobre a fundação dos tempos, a criação, Adão e Eva, Noé, Abraão, Isaque, Jacó, José, Moisés, Josué, Davi, Salomão, Daniel, Isaias, etc… Precisava ganhar uma Bíblia urgente!
    Fui discipulado por missionários batistas norte americanos. Eles entendiam a minha necessidade. Logo, algumas semanas depois de haver nascido de novo, meu segundo presente foi uma flauta doce. Não entendi nada. O que uma flauta doce iria me ajudar para entender o Velho Testamento?
    Mas, minha oração de ganhar uma Bíblia continuava… Assim, meu terceiro presente a ser ganho na igreja (pasmem) não foi a tão sonhada Bíblia, foi uma gravata!
    Não desisti de orar, depois de seis meses, no dia do meu batismo, ganhei uma Bíblia totalmente nova, grande, bonita e com estudo. Passei a lê-la.
    Descobri que eu poderia por a mão no arado, que Deus seria comigo e ponto final. minha família fora ganha para Cristo. Hoje, somos convidados a pregar em várias igrejas. Muitos frutos são colhidos, novos ministérios são criados, almas são ganhas para Jesus, cristãos desviados dos caminhos do Senhor retornam aos braços do Pai… Mas, nem sempre foi fácil assim. Para levar uma vida de evangelista, é necessário passar por muitas provas e perseguições. Sem elas não crescemos em nossa fé.
    Tudo o que me dava forças era aquilo que vinha da Palavra de Deus. Lá eu encontrei conforto, coragem e determinação para manter firme minha fé em Jesus.
    Quando adolescente, nos primeiros meses de meu novo nascimento, passava semanas sem ir à igreja, mas a leitura da Palavra não me faltava. Confesso que várias vezes, eu pulava a cerca de minha casa escondido de meu pai, para ir ao culto. Naquele tempo, o preconceito com relação à igreja cristã era bem mais relevante que nos dias de hoje. Quando voltava eu era severamente disciplinado por meu pai. Isso se repetiu por seis meses, até o dia da minha libertação. Não que isso fosse um ato de rebeldia, mas de amor a Deus. A Palavra de Deus diz que mais vale agradar a Deus que aos homens. Para a glória de Deus hoje meu pai serve na Casa do Senhor.
    Os Paradigmas da Igreja no Brasil
    Passei por várias transformações da igreja e, como músico ou líder de jovens, experimentei vários paradigmas, inclusive exclusões de rol de membros, voz de prisão, etc. Naquele tempo era proibido levantar as mãos, orar em línguas ou fazer acordes e/ou harmonias e ritmos musicais diferentes por exemplo. Usar guitarras e baterias, nem pensar! Todavia, cresci. Venci em nome de Jesus! A Bíblia nunca deixou de ser a minha maior fonte de pesquisa para tantas perseguições e sofrimento!
    Hoje vivemos um evangelho que nos dá mais liberdade para cultuar ao nosso Deus. Ainda assim, Bíblia, nos avisa que no mundo teremos aflições. Contudo, a mesma Bíblia nos garante alívio. É de onde virá fé para vencer o mundo. Nela nós encontramos conforto, coragem e determinação para manter firmes nosso coração e nossa fé em Jesus. (Salmos 108).
    Firme está o meu coração, ó Deus; cantarei e entoarei louvores
    Aprendi muito com a leitura da Bíblia. Aprendi muito com os Livros de Salmos e as Cartas de Paulo.
    Aprendi que nascer de novo não é um fim, mas só um começo de uma caminhada de fé! É outra vida mesmo. Tudo se faz novo.
    Aprendi na Bíblia que se Cristo nos libertar, verdadeiramente seremos livres!
    Aprendi que a leitura da Bíblia nos faz crescer, crescer pra fortificar.
    O mundo já era!
    Se nós, cristãos, deixarmos de observar os ensinamentos contidos na Palavra de Deus como poderemos santificar os nossos corações e estarmos preparados para responder com mansidão e temor a cada um que nos pedir razão de nossa fé, conforme está escrito em I Pedro 3:15?
    Precisamos de Bíblia e não de jargões religiosos.
    Será que o mundo, e as coisas que nele há, vai nos convencer a amá-lo? Será que o mundo tem poder para isso?
    O mundo e as suas “coisas” são sutis, astutas,
    E mais sagazes que uma serpente no deserto…
    Filho de Deus, Cuidado com o mundo. “Vigie!”
    Jesus nos ensinou que somos a LUZ do mundo. Se ele disse que somos luzes para o mundo, de certo é porque o mundo vive na ESCURIDÃO.
    O apóstolo Paulo nos ensinou que não há comunhão da luz com as trevas. Em outras palavras, crente e escarnecedor não se dão. O Mundo não é só escuro, é também imundo. Saia radicalmente daí.
    “Aparte-se, diz o Senhor, e não toque em nada que é imundo e Jesus o receberá.” (II Cor. 6:17).
    A Bíblia nos diz que se alguém ama o mundo o amor do Pai não está nesse alguém.
    (I Jo. 2:15)
    O MUNDO dita as normas e convenções do anticristo para levá-lo à morte!
    A BÍBLIA nos ensina o dom da vida.
    O MUNDO quer envolvê-lo até enganá-lo de forma sutil na escuridão;
    A BÍBLIA não engana. É luz para o nosso caminho.
    O MUNDO oferece prazeres que levam para o inferno.
    A BÍBLIA oferece prazeres que nos levam para o céu.
    O MUNDO não perdoa. Destrói.
    A BÍBLIA ensina o perdão. Renova.
    O MUNDO não tem licença para entrar na igreja.
    A BÍBLIA é autorizada por Deus a viver dentro da igreja (nós).
    O MUNDO inventa a moda e a moda escraviza as pessoas.
    A BÍBLIA não inventa. A Palavra de Deus é uma só.
    O MUNDO mente.
    A BÍBLIA é pura. Deus não é homem para que minta.
    O MUNDO é profano.
    A BÍBLIA é sagrada.
    O caminho do MUNDO é imperfeito
    A BÍBLIA diz que o Caminho de Deus é perfeito
    A Palavra do SENHOR é provada.
    REFLEXÃO
    A Palavra do Senhor é luz para os seus caminhos? (Sl. 119:5)
    Claudio Santos

    domingo, 30 de dezembro de 2012

    Feliz 2013...

    Mais uma etapa concluída, mais um ano que passou que você tenha
    conseguido aproveitar tudo de bom que Deus lhe ofereceu.

    Desejo na paz de Deus que você possa sempre encontrar o seu caminho
    e que este caminho seja trilhado com muita fé, para que cada vez mais
    você possa acreditar nesse sentimento capaz de transpor obstáculos e ser feliz.

    Coragem para assumir e enfrentar as dificuldades, perseverança para que
    jamais desista ou desanime dos seus sonhos, esperança para que
    a cada novo dia possa a ver novos horizontes.

    Que as mão de Deus guiem sua vida para que essa transporte em paz,
    harmonia, saúde e alegria é tudo que lhe desejo neste ano
    que está começando.

    Você é especial! Feliz Ano Novo!2013

    sábado, 29 de dezembro de 2012

    Por que Deus é bom?


    Se o homem for infiel, Deus permanece fiel. Se o homem não o invocar, não será perdoado, porém, Deus permanece bom. Deus não pode negar-se a si mesmo, Ele é imutável. Como pode ser isto? Deus permanece ‘bom’ mesmo quando castiga os transgressores? Sim! A bíblia é categórica: “Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação” ( Tg 1:17 ); “Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos” ( Ml 3:6 ).
    “LOUVAI ao SENHOR, porque ele é bom; porque a sua benignidade dura para sempre” ( Sl 136:1 )
    Introdução
    Deus é bom! Este é o posicionamento das Escrituras.
    Além do predicativo ‘bom’, Deus é descrito como aquele que é detentor do perdão e pleno de bondade para com todos os que O invocam “Pois tu, Senhor, és bom, e pronto a perdoar, e abundante em benignidade para todos os que te invocam” ( Sl 86:5 ).
    E quanto aos que não invocam a Deus? Deus é bom? Sim, Deus é bom! A Bíblia demonstra que se o homem for infiel, Ele permanece fiel, portanto, Deus é bom, mesmo quando o homem não O invoca “Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo” ( 2Tm 2:13 ).
    Se o homem for infiel, Deus permanece fiel. Se o homem não o invocar, não será perdoado, porém, Deus permanece bom. Deus não pode negar-se a si mesmo, Ele é imutável. Como pode ser isto? Deus permanece ‘bom’ mesmo quando castiga os transgressores? Sim! A bíblia é categórica: “Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação” ( Tg 1:17 ); “Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos” ( Ml 3:6 ).
    Deus permanecerá ‘bom’ mesmo quando derramar o seu furor sobre os impenitentes? Como é possível haver tanto sofrimento na humanidade e Deus permanecer bom? É possível conciliar Deus ‘onipotente’ e ‘bom’ com o problema apresentado pela filosofia acerca da existência do mal?
    Há quem considere estas questões como um problema teológico de grande magnitude, porém, o problema não está em Deus, e sim, quanto à compreensão de muitos que tentaram amalgamar filosofia com teologia.

    Deus é bom
    Deus é Deus, ou seja, onipotente, onisciente e onipresente. Também somos informados pela Bíblia que Deus é Senhor, Soberano, Pai, Rei, etc.
    Mas, o que entender por ‘bom’ quando lemos: ‘Deus é bom’?
    A primeira reação do leitor interessado em saber o significado verdadeiro do termo é buscar um dicionário e fazer a seguinte leitura: “bom – adj. – 1. Que é como deve ser ou como convém que seja; 2. Que tem bondade; 3. Hábil, destro; 4. Trabalhador; 5. Favorável; 6. Lucrativo; 7. Espirituoso, engraçado; 8. Cumpridor dos seus deveres; 9. Seguro, sólido; 10. Regular, normal; 11. Adequado. – s. m. – 12. Homem bom”
    Quais destes predicativos aplicam-se a Deus quando lemos ‘Deus é bom’? Os adjetivos elencados acima são todos pertinentes à visão de mundo do homem do nosso tempo, a visão do homem moderno. Para o homem moderno ‘bom’ refere-se a uma virtude pessoal, disposição permanente de uma pessoa em não fazer maldade, benevolente.
    Mas, era esta a visão de mundo do salmista Davi quando afirmou: “Deus é bom”?
    Embora o reinado de Davi seja classificado como teocrático, à sua época as sociedades se estruturavam e cultivavam uma cultura com princípio aristocrático, pois havia uma enorme distancia entre o rei e seus súditos. Nas relações sociais, havia uma distância enorme entre senhor e servo, fenômeno próprio às sociedades aristocráticas.
    Em termos gerais, aristocracia (do grego αριστοκρατία, de άριστος (aristos), melhores; e κράτος (kratos), poder, Estado), lesse ‘poder dos melhores’, ou seja, diz de uma forma de governo em que um grupo elitista controla o poder político, sendo as cidades-estados dos Espartanos exemplo de estado governado por uma aristocracia.
    Tal designação “poder dos melhores” nos faz recordar que, na antiguidade, os aristocratas eram designados ‘melhores’, ‘bons’, ‘senhores’, ‘distintos’, ‘escolhidos’.
    Bons? Sim! O termo grego traduzido por ‘bom’ é ἀγαθούς (agathos), com origem em outra raiz correspondente ao substantivo Arete “… continha em si a conjugação de nobreza e bravura militar (…) quase nunca tem o sentido posterior de ‘bom’, como arete não tem o de virtude moral” Jaeger, Werner, Paidéia, A Formação do homem Grego, tradução Artur M. Parreira, São Paulo: Ed. Martins Fontes, 2003. Pág. 27; “Senhorio e arete estavam inseparavelmente unidos. A raiz da palavra é a mesma: άριστος, superlativo de distinto e escolhido…” Idem, Pág. 26.
    A condição de senhorio era perfeita do ponto de vista funcional, ou seja, ausente a nuance moral que a nossa sociedade está acostumada e louva, de modo que a condição senhor guardava relação intrínseca à ideia de bom.
    Friedrich Nietzche em sua obra ‘A genealogia da moral’, fez a seguinte observação: “… que significam exatamente, do ponto de vista etimológico, as designações para ‘bom’ cunhadas pelas diversas línguas? Descobri então que todas elas remetem à mesma transformação conceitual – que, em toda parte, ‘nobre’, ‘aristocrático’, no sentido social, é o conceito básico a partir do qual necessariamente se desenvolveu ‘bom’, no sentido de ‘espiritualmente nobre’, ‘aristocrático’, de ‘espiritualmente bem-nascido’, ‘espiritualmente privilegiado’: um desenvolvimento que sempre corre paralelo àquele outro que faz ‘plebeu’, ‘comum’, ‘baixo’ transmutar-se finalmente em ‘ruim’” Nietzche, Friedrich, Genealogia da moral – Uma polêmica, Tradução Paulo César de Souza, São Paulo: Companhia das Letras, 2009. Pág. 18.
    Traduzir o termo grego agathos por ‘bom’ em virtude da transformação do significado ao longo dos séculos transtorna a ideia que a bíblia apresenta, pois a palavra grega ‘agathos’, em virtude do contexto bíblico onde está inserida, deveria ser traduzida por ‘nobre’, pois a raiz etimológica da palavra ‘agathos significa ‘alguém que é, que tem realidade, que é real, verdadeiro’. Com relação ao termo, Nietzche assevera que, mesmo com relação a uma mudança subjetiva, o termo significa ‘o verdadeiro enquanto veraz’. O termo era empregado para levar adiante o lema da nobreza, de modo a distinguir o nobre do homem comum, mentiroso (Jaeger, Paidéia, Pág. 19).
    Qual o sentido de ‘verdadeiro’, quando se lê: “De maneira nenhuma; sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso; como está escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras, e venças quando fores julgado” ( Rm 3:4 ). Ou, qual o sentido de ‘mentiroso’? Neste verso, o significado de ‘verdadeiro’ e ‘mentiroso’ possui conotação moral? Refere-se ao caráter do indivíduo? Observe:
    “E os servos, saindo pelos caminhos, ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial foi cheia de convidados” ( Mt 22:10 );
    Como interpretar a parábola? Os maus e os bons que os escravos trouxeram a mando do seu senhor possui conotação moral? Não! No texto, maus e bons tem o sentido de ‘vis’ e ‘nobres’, ‘pequenos’ e ‘grandes’, pois o Senhor da parábola não faz acepção de pessoas.
    “Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos” ( Mt 5:45 ).
    No sermão da montanha, qual o sentido de maus e bons? Ora, sabemos que Deus não faz acepção de pessoas, e que o sol nasce sobre nobres e comuns, justos e injustos, portanto, o sentido das palavras ‘maus’ e ‘bons’ não podem ser interpretadas em sua acepção moral.
    “A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz; Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso” ( Mt 6:22 -23).
    Os olhos podem ser moralmente maus ou bons? Ou o sentido de ‘mau’ e ‘bom’ refere-se à ideia de simples, comum, contrastando com a ideia de bom, são, nobre? O comentarista Barclay recomenda traduzir ‘bom’ por generoso, porém, não é a tradução correta, pois a ideia de generoso refere-se à liberalidade dos nobres em fazerem o que quisessem com o que lhes pertencia “Para obter um texto mais fiel ao original devemos traduzir aqui generoso em lugar de bom ou simples. Jesus elogia o olho generoso” Barclay, Willian, Comentário do Novo Testamento. Pág. 264.
    Daí, a seguinte passagem:
    “Ou não me é lícito fazer o que quiser do que é meu? Ou é mau o teu olho porque eu sou bom?” ( Mt 20:15 )
    Diante da liberalidade que era próprio aos ‘bons’ fazerem o quem bem entendessem com o que lhes pertencia, o nobre em questão repreende os trabalhadores que censuraram o seu ato. Segundo a visão do homem do nosso tempo, a conduta do empregador é um despautério, pois ele iguala os trabalhadores ao conceder o mesmo salário a todos sem considerar o tempo de trabalho de cada um, porém, segundo a visão do homem à época de Cristo, o despautério surge quando o homem comum contesta a liberalidade do nobre “Por três coisas se alvoroça a terra; e por quatro que não pode suportar: Pelo servo, quando reina; e pelo tolo, quando vive na fartura; Pela mulher odiosa, quando é casada; e pela serva, quando fica herdeira da sua senhora” ( Pv 30:21 -23).
    Jaeger analisando os poemas de Teógnis, registrou: “O poeta aconselha a que se evite o trato com os maus (kakoi), em que o poeta engloba todos os que não pertencem a uma estirpe nobre; por outro lado, também, nobres (agathos) só se acham entre seus iguais” (Jaeger, Paidéia, 244).
    Quando se faz análise dos textos bíblicos, não se deve limitar a fazer uso somente do significado que os termos possuem em nossos dias, fruto da concepção que a nossa sociedade imprimiu a certos termos.
    Além disso, quando lemos certos termos nas Escrituras, devemos compreendê-los com os olhos da sociedade à época, e fugir da visão de mundo trabalhada pelos princípios filosóficos da época, pois a matéria que os filósofos da época especulavam não era afeta, nem mesmo ao homem daquela sociedade, antes era matéria de ordem ontológica, portanto, distante da concepção sociocultural dos escritores da bíblia.
    Enquanto a sociedade definia as coisas de modo funcional, filósofos como Platão, passaram a formular questões acerca da natureza do ser, da realidade, da existência dos entes e das questões metafísicas, e o conhecimento que estavam produzindo à época, possuía uma carga moral e ética, o que ainda não era vivenciada pela sociedade.
    Jaeger assevera que os termos ‘arete’ e ‘bom’, na Grécia antiga, não tinham conotação de virtude moral, daí a pergunta: quando estes termos passaram a ser utilizados com conotação moral? Quando filósofos como Sócrates e Platão, através da especulação do conhecimento e da ciência, concederam à filosofia um fim moral pelo fato de ser uma ciência que especula aspectos e problemas de ordem ontológica.
    Enquanto em Sócrates a especulação limitava-se às questões ontológicas e moral, Platão enveredou-se pela estrada da metafísica e da cosmologia. Em Platão floresceu uma filosofia humanista, religiosa e moralista. Tem-se nas obras de Platão muito do que é anunciado pelos espíritas e pelos católicos, como a ideia da reencarnação e do purgatório.
    O ‘bom’ que designava os nobres, passou a designar o bem, o mundo ideal, o mundo das ideias. A matéria de Platão trouxe uma revolução de conceitos, porém, o povo de sua época e as gerações seguintes, não mudou de imediato a sua práxis. Quando Jesus veio, tal concepção filosófica ainda não fazia parte do povo, principalmente daqueles que se utilizavam do grego Koine.
    O maior problema surgiu com a filosofia elaborada pelos primeiros padres, a Patrítica. Quando criaram liturgias, disciplinas, costumes, etc., amalgamando conceitos platônicos e socráticos à doutrina dita cristã. Já no primeiro século, vê-se na Didaquê forte tendência moralista e dogmática, influencia clara dos costumes ascéticos.
    É possível piorar? Sim! Erasmo de Roterdam incluiu Sócrates como mártir pré-cristão, de modo que rogava: “Sancte Socrates, ora pro nobis!” (Jaeger, Paidéia, 493). Jaeger aponta que, até o pietismo abrigou-se nos braços de Sócrates, pois viam nele certa afinidade espiritual (Idem, pág. 494). O que dizer de Agostinho, que se baseou no pensamento de Platão?
    Enquanto Jesus ensinou ser Ele mesmo o caminho que conduz o homem a Deus, a cristandade viu na filosofia platônica a necessidade de refrearem os prazeres mundanos, propondo a pratica de um estilo de vida austero, perseguindo praticas tidas por virtuosas, afim de adquirir uma espiritualidade maior. Dai, que muitos padres aderiram ao ideal ascestico, acreditando que a purificação do corpo ajudaria na purificação da alma.
    Daí por diante, todas as vezes que se faz referência a Deus como ‘bom’, o texto é impregnado com a ideia de perfeição moral, desprezando o fato de que Ele é Senhor. É neste ponto que, diversas questões surgem: se Deus é bom, por que existe o mal?
    Tais questões tem o objetivo de cegar o homem para que não veja a verdade. Assim como a pergunta de Satanás no Éden enfatizou uma proibição exarcebada em detrimento da liberdade concedida ( Gn 3:1 ), a pergunta: ‘se Deus é bom, por que existe o mal?’, faz surgir paradoxos, que na realidade, não passam de pretensas contadições fruto de uma má leitura da bíblia e do seu contexto histórico.
    O objetivo deste artigo é demonstrar que Deus é bom, independente do fato de ter polpado os homens de Ninive ou feito sucumbir Sodoma e Gomora com milhares de crianças inocentes ( Gn 19:25 ; Jn 4:11 ). Tais eventos não descaracterizam e nem caracterizam o Deus da bíblia como ‘bom’ ou ‘mal’.
    Ninguém há bom, senão um, que é Deus
    “Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom, senão um, que é Deus” ( Lc 18:19 )
    Quando Jesus afirma categoricamente: “Ninguém há bom, senão um, que é Deus”, estava focado em apresentar uma resposta ontológica ao problema do mal? A asserção “Ninguém, há bom, senão um, que é Deus” refere-se a alguma questão de ordem filosófica?
    Digo que não! Jesus não estava tratando de questões filosóficas como a natureza do ser, a realidade, a existência dos entes e nem de questões metafísicas.
    Porém, quando dizemos: “Deus é bom!”, a primeira questão levantada pelos acadêmicos é: ‘Se Deus é ‘onipotente’ e ‘bom’, por que permite a existência do mal e do sofrimento?’, e colocam tal questão em um pedestal como sendo a pergunta mais difícil da história da teologia cristã.
    É aceitável que um não cristão apresente um paradoxo, como é o caso do paradoxo de Epicuro. Por que aceitável? Porque quem formulou o paradoxo desconhece a natureza de Deus!  Epicuro afirmou que Deus e o mal não podem coexistir caso Deus seja onisciente, onipotente e benevolente, porém, Deus mesmo afirma que é conhecedor do bem e do mal “Então disse o SENHOR Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal” ( Gn 3:22 ).
    Deus é Senhor, nobre, ou seja, bom e, conhecedor do bem e do mal, pois Ele como Senhor recompensará todos os homens e, dará o bem a uns e o mal a outros, tudo em função do que procuraram “O qual recompensará cada um segundo as suas obras; a saber: A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção; Mas a indignação e a ira aos que são contenciosos, desobedientes à verdade e obedientes à iniquidade; Tribulação e angústia sobre toda a alma do homem que faz o mal; primeiramente do judeu e também do grego; Glória, porém, e honra e paz a qualquer que pratica o bem; primeiramente ao judeu e também ao grego; Porque, para com Deus, não há acepção de pessoas” ( Rm 2:6 -11).
    Deus é Senhor, Deus é bom e, ao mesmo tempo, Ele é benigno e severo ”Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira também tu serás cortado” ( Rm 11:22 ), ou seja, é Deus que instituiu o castigo para os transgressores, de modo que se diz: ”Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas” ( Is 45:7 ).
    Em que sentido Deus cria o mal? No sentido de retribuição, justiça, de modo que, retribui com benignidade os puros e com rigidez os perversos “E me retribuiu o SENHOR conforme a minha justiça, conforme a minha pureza diante dos seus olhos. Com o benigno, te mostras benigno; com o homem íntegro te mostras perfeito. Com o puro te mostras puro; mas com o perverso te mostras rígido” ( 2Sm 22:25 -27); ”Com o benigno te mostrarás benigno; e com o homem sincero te mostrarás sincero” ( Sl 18:25 ).
    Este era o posicionamento de um senhor: “Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo; sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei? Devias então ter dado o meu dinheiro aos banqueiros e, quando eu viesse, receberia o meu com os juros” ( Mt 25:26 -27). Para com os servos bons, benevolência, para os maus, as trevas exteriores.
    Este é o posicionamento de Cristo: “E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas (…) E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna” ( Mt 31-32 e 46).
    Quando Jesus convida: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” ( Mt 11:28 -30), o leitor com a visão ampliada verá Cristo como ‘bom’, ‘senhor’, ‘nobre’ e, ao mesmo tempo, benevolente, pois aos que se sujeitam a Ele lhes é dado uma fardo leve.
    No alerta: “Eu crio o mal”, temos referencia ao fato de Deus ter suscitado algumas nações visinhas como vara de correção, de modo a dar a entender ao povo de Israel a necessidade de se converterem ( Is 1:5 ), porém, a despeito do castigo aplicado ao povo de Israel, Deus é justo, e conforme alertou, aplicou o castigo antes da ira.
    Em outra instância, além da salvação e da perdição, Deus retribuirá a cada um segundo as suas obras.
    Quando Deus criou o homem deu-lhe o poder de decisão. Como os dons de Deus são irrevogáveis, mesmo após o pecado, o homem continuou de posse da sua liberdade de decidir, pois o domínio sobre a terra foi dado aos homens. Ora, quando Deus se fez homem e retornou vitorioso aos céus, conclamou: é me dado todo poder, nos céus e na terra!
    Como os homens são livres e exercem domínio sobre a terra, podem fazer o quem bem entenderem. Há outro ponto, como o homem tornou-se como Deus, sabedor do bem e do mal, também tem a capacidade de analisar as ações dos seus semelhantes e comunicar o bem e o mal.
    O problema do mal surge quando o homem deixa de lado o senso de justiça, e passa a praticar o mal por prazer. A ideia de retribuição é posta de lado, e o indivíduo por ser entenebrecido no entendimento se lança na pratica de maldades. Embora conheça as ações de tais indivíduos, Deus não intervém, pois todos os homens quando introduzidos no mundo estão sob condenação e como Deus, conhecedores do bem e do mal.
    Ora, o bem e o mal foram apresentados no Éden através de um fruto, de modo que o bem e o mal são inseparáveis. O bem e o mal são composições que dá sabor ao fruto. São faces de uma mesma moeda.
    Como compreender tal realidade? Quando um pai educa um filho e o corrige, a correção em certo aspecto tem aparência de mal, porém, o pai busca o bem. Já alguém que dá esmola parece estar fazendo o bem, porém, tal ato perpetua a miserabilidade de quem vive de esmolas, o que na realidade é um mal. Tais exemplos mostram que o bem e o mal são inseparáveis.
    Segundo a bíblia, a justiça de Deus não tarda e nem falha, pois a justiça de Deus foi exercida na primeira transgressão e, de modo que todos os homens foram condenados, independente de suas ações. Porém, com relação às ações cotidianas, Deus há de pedir conta a cada homem, quer sejam justos ou injustos, e com relação a isto não haverá acepção de pessoas. Para os justos tal conta será acertada no Tribunal de Cristo, e para com os injustos, no Grande Trono Branco.
    O apóstolo Paulo alertou os cristãos a que não se deixassem prender por questões de ordem filosóficas, porém, o que mais encontramos na teologia, seja contemporânea ou clássica, são questões segundo os rudimentos do mundo ”Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo” ( Cl 2:8 ).
    Por imiscuir-se na filosofia, muitos cristãos afirmam que estas questões são afetas a quem crê em Deus onipotente e amoroso “A rigor, a desgraça humana, ou o mal em todas as suas formas, é um problema somente para a pessoa que crê num Deus único, onipotente e todo amoroso” Anderson, Francis I. apud Luiz Sayão em ‘Se Deus é bom, por que existe o mal?’, artigo disponível na web.
    O que se percebe é que há muitos teólogos que são defensores de Deus, mas desconhecem a sua palavra. E pior, enquanto as armas do cristão deve restringir-se a palavra de Deus, porque ela é poderosa para destruir fortalezas, tais estudiosos estão de posse das armas ofertadas pelo mundo ”Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas” ( 2Co 10:4 ; 2Co 6:7 ; Rm 13:12 ).
    Com a visão turvada em função de impressões modernas, alguns tradutores foram compelidos a utilizar o termo ‘bom’ em lugar de ‘nobre’. Trocar ‘nobre’ por ‘bom’ transtornou a ideia do texto. Desprezar a raiz etimológica do termo ‘agathos’, que significa ‘alguém que é, que tem realidade, que é real, verdadeiro’, trouxe prejuízo a compreensão do texto.
    Quando dizemos que Deus é Nobre, Senhor, Bom, estamos expressando o senhorio de Deus e a nossa submissão a Ele. Deus é o Eu sou, aquele que é, que tem realidade, que é real, verdadeiro, conceito superior ao que encontramos em nossos dicionários. Através deste conceito próprio ao termo ‘agathos’, a concepção, a ideia, proveniente da frase ‘Deus é bom’ transmuta-se e transmite um significado singular.
    Quando consideramos que Deus é bom, nobre, distinto, Senhor, Pai, não há contradição alguma entre severidade e bondade ”Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira também tu serás cortado” ( Rm 11:22 ).
    Deus é severo e benigno em razão de ser nobre, superior, ou seja, bom, o que exclui qualquer tipo de paradoxo entre Deus ser bom e haver sofrimento no mundo.
    Se os teólogos ao longo dos séculos vêm ignorando a raiz etimológica do termo ‘agathos’, resta-nos a seguinte pergunta: o que fizeram com o termo ‘agape’, palavra grega traduzida por amor?
    Autor: Claudio Crispim

    sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

    A Graça de Deus




  • A Graça de Deus
    “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.” Ef 2.8
    Um dos conceitos mais incompreendidos no meio cristão, até pelo número vasto de aplicações e significados, e por se trata de ato divino, é “a Graça de Deus”.
    Segundo a concordância exaustiva Joshua a palavra graça (na versão JRC) aparece 73 vezes no antigo testamento e outras 144 no novo.
    Contudo, o que iremos destacar, neste artigo, é a graça como “dádiva”, “favor imerecido”, isto é, no que diz respeito à salvação do homem, parte específica de tão grande favor de Deus dado aos homens, a redenção em Cristo Jesus.
    Segundo o dicionário Strong, do grego, χαρις charis, cuja tradução mais comumente aceita é “favor imerecido”.
    Para o dicionário Léxico-Grego (F. Wilbur Gingrich) do Novo Testamento
    χάρις, ιτος, ή1. graciosidade, atratividade Lc 4.22; Cl 4.6.—2. favor, graça, ajuda graciosa, boa vontade Lc 1.30; 2.40, 52; At 2.47; 7.10; 14.26; Rm 3.24; 4.4; 5.20s; 11.5s; Gl 1.15; Ef 2.5, 7s. Crédito Lc 6.32-34. Aquilo que traz o favor (de Deus) 1 Pe 2.19s.— graça ou favor (divinos) em fórmulas fixas no início e fim de cartas cristãs, e.g. Rm 1.7; 16.20; 2 Co 1.2; 13.13; 1 Ts 1.1; 5.28; Hb 13.25; 1 Pe 1.2; Ap 1.4.—3. aplicação prática da boa-vontade, um sinal de favor, ato gracioso ou dom, beneficio Jo 1.14, 16s; At 13.43; 24.27; 25.3, 9; Rm 5.2; 6.14s; l Co 16.3; 2 Co 1.15; Ef 4.29; Hb 10.29; Tg 4.6; 1 Pe 5.10.—4. de efeitos excepcionais produzidos pela graça divina Rm 1.5; 12.6; 1 Co 15.10a, b; 2 Co 8.1; 9.8, 14; 1 Pe 4.10. Dificilmente pode ser diferenciada de poder, conhecimento, glória At 6.8; 1 Co 15.10c; 2 Co 1.12; 2 Pe 3.18.—5. gratidão χάριν εχειν ser grato 1 Tm 1.12; 2 Tm 1.3; Hb 12.28. Em outras expressões Rm 6.17; 7.25; 1 Co 10.30; 15.57; 2 Co 9.15; Cl 3.16.
    De fato, um favor imerecido é difícil de ser integralmente compreendido, pelo simples fato de não ter uma causa inicial, não ser conseqüente a ato ou uma recompensa, mas (tradução que gosto) é uma dádiva ou “presente”, favor, benevolência que não se explica.
    Karl Barth nos dá uma boa dica da complexidade da graça e como devemos entendê-la.
    “Graça é o fato real, embora incompreensível, que Deus se agrada do ser humano e que este pode alegrar-se em Deus. Mas a graça somente é graça quando ela for reconhecida como inexplicável [sem razão de ser], incompreensível.
    E por isso que só há graça sob o reflexo da ressurreição, como dádiva de Cristo, que eliminou a distância entre Deus e os homens, tirando-a violentamente [quiçá, vencendo o afastamento que a morte implicitamente encerra, com o rompimento violento do túmulo para o surgimento triunfante da vida].” (Carta aos Romanos, pg 31)
    Ora, ao que trabalha não se lhe conta a recompensa como dádiva, mas sim como dívida; porém ao que não trabalha, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é contada como justiça;” Rm 4.4-5
    A graça é o favor de Deus, imerecido, dado aos homens.
    Podemos perceber que toda a criação foi feita em amor, em graça, isto tem um único fundamento – Deus é amor, e o homem sua imagem e semelhança.
    Deus não tinha a obrigação de criar nada, de perdoar nada, mas livremente decidiu criar o mundo e a humanidade, e decidiu, ainda, redimi-los em carne, no sangue e no corpo de Cristo, proveniente de uma natureza divina, mas em forma humana.
    A bondade de Deus, provisão e preparação de toda criação, e conseqüente compartilhar de domínio dado ao homem sobre todos os seres viventes, mostra-nos a Sua antecedente bondade.
    “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se arrasta sobre a terra.” Gn 1.26
    E viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. E foi a tarde e a manhã, o dia sexto.” Gn 1.31
    Ao longo de nossos estudos e leituras nos deparamos com muitos conceitos de graça, sabemos que ela seja uma só, é claro, mas para explicar a sua ação, ao longo da história, a Graça de Deus foi subdividida em “partes”, podemos assim dizer.
    Entre os conceitos, alguns dos mais difundidos, temos, entre os calvinistas (que crêem na predestinação incondicional):
    “Graça comum” – “Ao lado da doutrina da graça particular (dos predestinados e somente para eles), ele desenvolveu a doutrina da graça comum. Esta graça é comunal, não perdoa nem purifica a natureza humana, e não efetua a salvação dos pecadores. Ela reprime o poder destrutivo do pecado, mantém em certa medida a ordem moral do universo, possibilitando assim uma vida ordenada, distribui em vários graus dons e talentos entre os homens, promove o desenvolvimento da ciência e da arte, e derrama incontáveis bênçãos sobre os filhos dos homens. Desde os dias de Calvino, a doutrina da graça comum é geralmente aceita na teologia reformada (calvinista), embora encontrando ocasional oposição. “ (Teologia Sistemática de Berkhof, pg 427)
    Teólogos arminianos guardam um conceito semelhante de “graça comum”.
    “Os efeitos do pecado sobre a humanidade decaída são tão devastadores que sem a graça comum de Deus (isto e, a sua graça não-salvífica que esta disponível a toda a humanidade), a existência da sociedade ficaria inviabilizada e a salvação seria inatingível.” (Norman Geisler, Teologia sistemática, v 2, pg 110)
    (Teses calvinistas, abaixo, que não incluímos entre as definições que demonstram a graciosidade divina.)
    “Graça evanescente” – (Seria uma espécie de iluminação temporária) “contudo não é de admirar que nos chamados justos, temporariamente, se desvaneça o senso do amor divino, o qual, embora seja afim à fé, entretanto difere muito dela. Declaro que a vontade de Deus é imutável e sua verdade é sempre consistente com a mesma. Contudo nego que os réprobos avancem até o ponto de penetrar essa secreta revelação que a Escritura reivindica só para os eleitos. Nego, porém, que eles ou apreendam a vontade de Deus, como é imutável, ou com real constância lhe abracem a verdade; por isso é que se detêm em um sentimento evanescente, como uma árvore, plantada não bastante funda para produzir raízes vivas, seca-se no decurso do tempo, ainda que por alguns anos simule não só flores e folhas, mas até mesmo frutos.” (Calvino, Institutas, 3, pg 36)
    “Graça irresistível”, também chamada de “Graça eficaz” (é um dos acrósticos da TULIP, os pontos formaram um acróstico mneumônico com nome da flor que é símbolo da Holanda, que em inglês é TULIP.O documento está datado de 25 de abril de 1619.)  “A Graça Irresistível é o ensino que Deus irresistivelmente conquista a vontade do pecador eleito com sua graça e o regenera, concedendo-lhe fé e arrependimento para crer em Jesus Cristo.” (Laurence Vance, o Outro lado do calvinismo)
    “Os calvinistas respondem que a graça de Deus não pode ser obstruída, visto que sua graça é irresistível. Os calvinistas não querem significar com isso que Deus esmaga a vontade obstinada do homem como um gigantesco rolo compressor! A graça irresistível não está baseada na onipotência de Deus, ainda que poderia ser assim, se Deus o quisesse, mas está baseada mais no dom da vida, conhecido como regeneração. Desde que todos os espíritos mortos (alienados de Deus) são levados a Satanás, o deus dos mortos, e todos os espíritos vivos (regenerados) são guiados irresistivelmente para Deus (o Deus dos vivos), nosso Senhor, simplesmente, dá a seus escolhidos o Espírito de Vida.
    No momento em que Deus age nos eleitos, a polaridade espiritual deles é mudada: Antes estavam mortos em delitos e pecados, e orientados para Satanás; agora são vivificados em Cristo, e orientados para Deus.” (Os cinco pontos da TULIP, por Duane Edward Spencer)
    “Graça soberana” – Nome utilizado para enfatizar a ação da graça irresistível (calvinista) e eleição incondicional, personificando a graça e lhe atribuindo “soberania”, de forma que o homem não tem qualquer parte nela, nem pode recebê-la, ou a tem ou não, isto em virtude de um “decreto divino” em uma eleição incondicional antes da fundação do mundo. (expressão utilizada pelos chamados batistas particulares)
    Definitivamente, tenho certa dificuldade em entender/pontuar a graça como uma pessoa, ela é manifestação/ação do Espírito Santo de Deus (este é uma pessoa), mas em si mesmo a graça é um ato, um favor, uma dádiva, não uma pessoa, age livremente, manifesta-se livremente, mas não podemos dizer “soberanamente”, não porque não o seja, mas porque soberania é atribuída a pessoas, isto é, a quem tem personalidade. E mesmo a ação da pessoa do “soberano” Espírito Santo pode ser resistida, tal definição “graça soberana” induz o leitor a erro. Em último caso, a não ser que a intenção de seus defensores  qual seja o significado, que a graça é uma “ação soberana” de Deus, isto, sim, seria correto afirmar a respeito. E o problema de uma “eleição incondicional” é que ela simplesmente condiciona a Livre Graça de Deus à indivíduos pré-selecionados à recebê-la.
    “Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; como o fizeram os vossos pais, assim também vós.” At 7.51
    Vede, irmãos, que nunca se ache em qualquer de vós um perverso coração de incredulidade, para se apartar do Deus vivo; antes exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado; porque nos temos tornado participantes de Cristo, se é que guardamos firme até o fim a nossa confiança inicial;” Hb 3.12-14
    E nós, cooperando com ele, também vos exortamos a que não recebais a graça de Deus em vão; (porque diz: No tempo aceitável te escutei e no dia da salvação te socorri; eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação);” 2 Co 6.1
    Entre os teólogos Arminianos, destacamos James Arminius e John Wesley.
    Para Armínio e os remonstrantes (líderes Holandeses que se opuseram ao calvinismo) o destaque é o conceito de “Graça preveniente.” (comentado mais adiante)
    Para John Wesley a Graça poderia ser entendida, em partes, pelo campo de ação do Espírito Santo na vida do homem, divida em: “Graça preveniente”, “conservadora”, “justificadora’, “santificadora” e a “glorificadora”. Queríamos poder tratar de cada uma delas, mas neste artigo não será possível. O destaque entre os arminianos é o ponto comum (entre todos) “Graça preveniente”, e esta comentaremos.
    O conceito de graça preveniente
    Graça Preveniente
    “Preveniente significa “anterior,” e a expressão graça preveniente se refere à obra executada por Deus no coração dos homens — imerecida do lado humano — anterior a salvação, que encaminha as pessoas em direção a este objetivo por intermédio de Cristo.
    Paulo fala a este respeito em Tito: “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (2.11). Ele acrescenta em 2 Corintios 8.9: Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vos se fez pobre, para que, pela sua pobreza, enriquecêsseis.
    Esta graça também e vista no fato de que “a benignidade de Deus te leva ao arrependimento” (Rm 2.4). Dessa forma, a graça preveniente e a graça de Deus exercida em nosso lugar mesmo antes dele nos conceder a salvação.” (Norman Geisler, Teologia sistemática, v 2, pg 197)
    Artigos 1º e 2º dos remonstrantes holandeses.
    “Que Deus, por um eterno e imutável plano em Jesus Cristo, seu Filho, antes que fossem postos os fundamentos do mundo, determinou salvar, de entre a raça humana que tinha caído no pecado – em Cristo, por causa de Cristo e através de Cristo – aqueles que, pela graça do Santo Espírito, crerem neste seu Filho e que, pela mesma graça, perseverarem na mesma fé e obediência de fé até o fim; e, por outro lado, deixar sob o pecado e a ira os costumazes e descrentes, condenando-os como alheios a Cristo, segundo a palavra do Evangelho de Jo 3.36 e outras passagens da Escritura.”
    “Que, em concordância com isso, Jesus Cristo, o Salvador do mundo, morreu por todos e cada um dos homens, de modo que obteve para todos, por sua morte na cruz, reconciliação e remissão dos pecados; contudo, de tal modo que ninguém é participante desta remissão senão os crentes.” (fonte: www.arminianismo.com)
    Armínio “Essa Graça (…) antecede, acompanha e segue; ela nos desperta, assiste, opera para que queiramos o bem, coopera para que não o queiramos em vão. Ela afasta as tentações, ajuda e oferece socorro em meio às tentações, sustenta o homem contra a carne, o mundo e Satanás, e nessa grande luta concede a satisfação da vitória. (…) A graça é o princípio da Salvação; é o que a promove, aperfeiçoa e consuma. Confesso que a mente (…) do homem natural e carnal é obscura e escura, que suas afeições são corruptas e imoderadas, que sua vontade é obstinada e desobediente e que o próprio homem está morto em pecados.” (Citado por R. Olson, em História da Teologia Cristã, pg 481)
    Ao contrário do que se pensa a origem da doutrina da “Graça preveniente” é anterior a James Arminius, ela, segundo (Heber de Campos e o Wikipédia, tem origem em Agostinho de Hipona. (Agostinho (354-430) usou o termo em sua luta contra Pelágio (354-418), em sua obra A Natureza e a Graça, 35. Ver também: BETTENSON, Henry. The later Christian fathers. London: Oxford University Press, 1970, p. 204-205.) Além de podermos notar a presença do conceito em alguns movimentos como dos anabatistas especialmente em seus líderes, Baltasar Hubmair e Menno Simons, por ocasião da reforma protestante do século XVI.
    Alguns textos bíblicos relacionados à graça preveniente.
     De longe o Senhor me apareceu, dizendo: Pois que com amor eterno te amei, também com benignidade te atraí.            “ Jr 31.3
    “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.” Lc 19.10
    Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.” Jo 6.44
    “Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça, revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, não consultei carne e sangue…” Gl 1.15-16
    “Nós o amamos, porque ele nos amou primeiro.” I Jo 4.19
    Pois bem, em suma a “Graça preveniente” é aquela que precede, antecede, é literalmente ”a graça que vem antes”.
    Eu fico muito feliz em ver a clareza destes homens usados por Deus (Agostinho, Armínio e Wesley) ao falar da graça que antecede, isto porque não vejo como a graça de Deus não ser preveniente, desta forma não haveria melhor definição para a iniciativa salvífica de Deus para o homem, isto deixando claro que a bondade, o favor de Deus vem primeiro, antes de qualquer iniciativa humana.
    A graça de Deus é sempre preveniente, ela nunca é conseqüente, é favor imerecido, do contrário não seria graça, mas prêmio, é um ato livre do criador em direção a humanidade, é a escolha (livre) de Deus de salvar homens pecadores, antes de qualquer mal ou bem que fizessem, de obras, antes de súplicas, mas pela manifestação desta graça, isto é, do favor de Deus exposto, manifesto, e convidando aos homens ao arrependimento pela pregação do evangelho.
    “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai.” Jo 1.14
    Mas Deus, não levando em conta os tempos da ignorância, manda agora que todos os homens em todo lugar se arrependam;” At 17.30
    “Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.” Rm 1.16
    A oferta de Deus, a escolha livre de Deus em ser bom para com o homem, em dar dádivas, vida, é anterior a qualquer anseio humano, é anterior, inclusive, a própria existência. A Graça de Deus, a redenção, dada aos homens é preveniente, não espera o querer de indivíduos, sua aceitação ou não, mas é de Graça oferecida remissão pelo sangue do sacrifício do Cordeiro, do Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo 1.29).
    “Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” Gn 3.15
    “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.” Jo 3.16-17
    O sacrifício e a redenção é um presente que não merecemos, não fizemos nada por merecê-lo, não temos parte em sua perfeição, em sua bondade manifesta, podemos apenas ser tocados por ela, alcançados, amados.
    E por que o homem carece de graça (preveniente)?
    Isto esta relacionado ao estado pecaminoso do homem sem Deus, de corrupção da natureza humana, teologicamente chamada de “Depravação Total”. Wesley nos ajuda a entender (comentando sobre a queda de Adão):
    “A liberdade acabou com a virtude; em vez de estar no comando do mestre indulgente, está sob o comando de um tirano impiedoso. O sujeito da virtude torna-se escravo da depravação. Não foi de boa vontade que a criatura obedeceu à vaidade, e, agora, a regra é por necessidade; o cetro do outro foi trocado por uma barra de ferro. Antes, os laços de amor, na verdade, atraíam a criatura para o céu; contudo, se ela quisesse, poderia se arremeter para a terra. Mas, agora, ela está tão presa à terra que não consegue nem mesmo levantar os olhos para o céu.” (Kenneth J. Collins, Teologia de John Wesley, pg 88-9)
    “Nós, por natureza, não temos conhecimento de Deus, não temos familiaridade com Ele.“ “E sem o conhecimento, não podemos amar a Deus; (pois) não podemos amar a quem não conhecemos.” (Ibid, pg 95-6)
    Wesley era um ferrenho defensor do conceito clássico de “depravação total”, a ponto de dizer a despeito de tal conceito a conseqüência seria a perversão da fé, o engodo da realidade (morto espiritualmente) impossibilitando um genuíno arrependimento.
    Os opositores de Wesley sempre confundem, ou misturam, penso que propositadamente, os conceitos de graça comum e graça preveniente, isto porque, para Wesley esta é dada a todos os homens (Jo 1.9), a semelhança da graça comum, já comentada.
    Atribuem, os seus opositores, à tese de Graça ingênita, que vem do homem, com base nas seguintes declarações feitas por Wesley, vejamos:
    “Todos, em alguma medida, têm aquela luz, algum tímido raio reluzente que, cedo ou tarde, mais ou menos, ilumina a todos os homens que vêm ao mundo”…
    “Todo homem tem, em maior ou menor medida, essa graça que não espera pelo chamado do homem” “totalmente livre a quem é concedida”. (citado por Collins, em teologia de John Wesley, pg 101)
    Na verdade, o termo “ingênita” é propositalmente inserido a teologia de Wesley a fim de lhe atribuir um suposto semi-pelagianismo (conceito que afirma que o homem pode ir sozinho, sem auxilio de Graça, e por si mesmo, a Deus), mas o que percebemos que a “Graça preveniente”, é concedida, isto é, não está no homem, vem de Deus. Não passam de falsas acusações tentando desmerecer tão brilhante legado deixado pelo fundador do metodismo.
    Sobre a prevenção da bondade divina. Perguntamos:
    Quem clamou por redenção de pecados? Adão, Eva? Quem escolheu o sacrifício que redime o homem? Quem escolheu a forma (pela pregação, mediante a fé)?
    Quem nos deu as promessas (a começar de Gn 3.15)?
    Ou quem Lhe deu primeiro a Ele, para que lhe seja recompensado ? Rm 11.35
    Quem é merecedor da Graça de Deus, do favor de Deus?
    Quem pode impedi-Lo de ser gracioso, bondoso, com quem quiser?
    Quem pode dizer “salva a este e deixa aquele”, este é justo e aquele injusto?
    Quem pode salvar-se a si mesmo?
    A graça, o favor de Deus, sempre antecede as intenções humanas, esta é a nossa conclusão.
    A Graça, como favor de Deus dispensado aos homens, é sempre preveniente.
    Que a Graça e a Paz de nosso Senhor Jesus Cristo seja convosco.
    “Nós o amamos, porque ele nos amou primeiro.” I Jo 4.19
    “No início, antes deste nosso tempo e antes deste nosso espaço, antes da criação e, portanto antes de uma realidade distinta de Deus, e objeto de seu amor, antes que ela pudesse ser o palco das ações de sua liberdade, Deus antecipou em si mesmo (no poder de seu amor e liberdade, seu conhecimento e seu querer), já determinou como o alvo e o sentido de todo o seu agir com o mundo que ainda não existia: em seu Filho ser gracioso ao ser humano, pois ele queria se comprometer com ele. No início era a eleição do Pai, tornar verdade esta aliança com o ser humano, a quem entregou o seu Filho, para ele próprio se tornar um ser humano para a consumação de sua graça. No início era a eleição do Filho, para ser obediente à graça e entregar-se a si mesmo e tornar-se um ser humano, para que aquela aliança tenha sua realidade. No início era a resolução do Espírito Santo, para que a unidade de Deus, a unidade do Pai e do Filho por intermédio dessa aliança com o seres humanos não seja destruída, muito menos rasgada, muito mais seja mais gloriosa, para que a divindade de Deus, a divindade de sua liberdade e seu amor justamente nessa entrega do Filho se deva confirmar e comprovar. Essa aliança era no início.”
    ”E como sujeito e objeto dessa eleição estava Jesus Cristo no início. Ele não estava no início de Deus: Deus não tem início algum. Mas ele estava no início de todas as coisas, no início de todo agir de Deus com a realidade que lhe é distinta. Jesus Cristo era a eleição de Deus em relação a esta realidade. Ele era a eleição da graça de Deus dispensada ao ser humano. Ele era a eleição da aliança de Deus com o ser humano..” (Wikipedia, teologia de Karl Barth)