terça-feira, 2 de julho de 2013

Oferecendo a outra face


Por Sidney Osvaldo Ferreira

Oferecendo a outra face
Oferecendo a outra face
“Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face, oferece-lhe também a outra; E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; E, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes”. (Mt 5:38-42)
É comum em meio aos ultrajes e vitupérios ímprobos da vida, recorremos aos nossos instintos e reagirmos na mesma proporção, ou seja, pagando na mesma moeda. No entanto, é completamente sublime demonstrar a superioridade em poder prosseguir firme e confiante, ignorando destemidamente toda maledicência que nos são fomentada, pois somente os nobres por meio do bem conseguem vencer toda astucia e estultícia do mal.
Através de uma simples metáfora Jesus intriga a lógica do pensamento racional, ao nos oferecer uma proposta que contrapõem os conceitos retrógrados que herdamos da insana sede de vingança que somente alimenta o nosso ego humano.
Jesus eleva a nossa compreensão para a correta interpretação da antiga lei de talião prescrita no código de Hamurabi sobre a famosa advertência: “olho por olho e dente por dente”, a qual posteriormente veio a ser inserida por Moises no Pentateuco sobre a instrução divina. Ao contrario do que se especulam, a tal lei nunca conferiu ao homem o poder de execução, pelo contrario, essa ordem veio a ser estabelecida para impedir que as pessoas fizessem justiça com as próprias mãos, e ao mesmo tempo garantir ao ofendido o direito de um julgamento digno, onde o seu ofensor seria justamente punido pelas autoridades vigentes de sua época, segundo a mesma proporção de suas ofensas cometidas. Jesus ao nos apresentar essa lei, simplesmente a aprimora, elevando-a a mais plena perfeição, estabelecendo Deus como o Justo Juiz o qual nos julgará mediante a mesma medida que medirmos o nosso próximo e semelhante (Lc 6. 38b).
Definitivamente, compreendemos por meio da sabedoria de Cristo, que somente ao justo, o supremo Deus, pertence à vingança, conforme está escrito: “A mim pertence à vingança; eu retribuirei. O Senhor julgará o seu povo. (Hb 10.30). E, que não nos compete por motivo algum pagar o mal com o mesmo mal, ressuscitando a errônea interpretação da lei de talião, pois bem sabemos que se o mundo for regido a olho por olho e a dente por dente, certamente a humanidade será construída de apenas cegos e desdentados, conforme enunciou com deveras maestria o pacifista indiano Mahatma Gandhi. É preciso aprender a transferir toda injustiça nos acometida, ao Justo Juiz que sempre julga retamente. – (I Pe 2.23b).  Aleluia!
Oferecer a outra face não significa ser masoquista. Evidentemente, Deus não espera que sejamos o João bobo da historia. Oferecer a outra face se baseia na nobreza de fazer o bem incondicionalmente, até mesmo para aqueles que nos intentam tanta maldade. Oferecer a outra face é viver completamente o oposto do mal que nos é proposto, é ser capaz de ascender uma luz em um mundo de trevas, construir pontes em meios aos abismos e sobretudo abrir caminhos para que o amor possa sempre triunfar sem rastros e resquícios de ressentimentos. Oferecer a outra face, certamente não se trata de uma fraqueza, mas definitivamente de uma nobre virtude, que somente os sábios entendem e os fortes praticam.
“Quem vive esse mandamento causa remorso e vergonha para seus inimigos”.  Hugo Santiago

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