domingo, 26 de fevereiro de 2012

Maria Madalena no túmulo de Jesus




Maria Madalena no túmulo de Jesus
Maria havia estado lá. Ela havia ouvido o clamor dos líderes pelo sangue de Jesus. Ela havia testemunhado o chicote romano rasgar a pele de suas costas. Ela havia estremecido quando os espinhos cortaram sua testa e chorado por causa do peso da cruz.
No Louvre há um quadro com a cena da cruz. No quadro, as estrelas estão mortas e o mundo está envolto em trevas. Na escuridão há uma figura ajoelhada. É Maria. Ela está apoiando suas mãos e seus lábios nos pés sangrentos de Cristo.
Nós não sabemos se Maria fez isso, mas sabemos que ela poderia tê-lo feito. Ela estava lá. Ela estava lá para colocar seu braço em volta do ombro de Maria mãe de Jeus. Ela estava lá para fechar os olhos dele. Ela estava lá.
Então não é surpreendente que ela queira estar lá de novo.
De manhã cedo ela levanta de sua esteira, pega suas especiarias e aloés e sai de sua casa, passa pela Porta dos Jardins e sobe a colina. Ela prevê uma tarefa sombria. A essa altura o corpo estará inchado. Seu rosto estará pálido. O odor da morte estará pungente.
Um céu cinzento dá lugar a um dourado enquanto ela sobe a trilha estreita. Quando ela faz a última curva, ela engasga. A pedra em frente ao túmulo está afastada.
“Alguém levou o corpo!” Ela corre para acordar Pedro e João. Eles correm para ver por si mesmos. Ela tenta acompanhá-los, mas não consegue.
Pedro sai desnorteado do túmulo e João sai crendo, mas Maria apenas senta diante dele chorando. Os dois homens vão para casa e deixam-na sozinha com sua tristeza.
Mas alguma coisa lhe diz que ela não está sozinha. Talvez ela ouça um barulho. Talvez ela ouça um sussurro. Ou talvez ela ouça apenas seu próprio coração lhe dizendo para ver por si mesma.
Qualquer que seja o motivo, ela vai. Ela se inclina, coloca sua cabeça dentro da entrada entalhada e espera seus olhos se adaptarem à escuridão.
“Por que você está chorando?” Ela vê o que parece ser um homem, mas ele é lívido – radiantemente lívido. Ele é uma das duas luzes em cada extremidade da laje desocupada. Duas velas resplandecendo em um altar.
“Por que você está chorando?” Uma pergunta incomum a ser feita em um cemitério. Para falar a verdade, a pergunta é rude. Isso é, a não ser que o questionador saiba de algo que o questionado não saiba.
“Eles levaram o meu Senhor e eu não sei onde o colocaram”.
Ela ainda o chama de “meu Senhor”. Até onde ela sabe, os lábios dele estavam em silêncio. Até onde ela sabe, o cadáver dele havia sido levado por ladrões de túmulos. Mas apesar de tudo isso, ele ainda é o seu Senhor.
Tal devoção comove Jesus. Leva Jesus para mais perto dela. Tão perto que ela o ouve respirar. Ela se vira e lá está ele. Ela acha que ele é o jardineiro.
Ora, Jesus poderia ter se revelado neste momento. Ele poderia ter chamado um anjo para apresentá-lo ou uma banda para anunciar sua presença. Mas ele não o fez.
“Por que está chorando? Quem você está procurando?” (João 20:1-18).
Ele não a deixa esperarando muito tempo, apenas o suficiente para nos lembrar que ele ama surpreender-nos. Ele espera que nos desesperemos da força humana e então intervém com a divina. Deus espera nós desistirmos e então – surpresa!
E preste atenção à surpresa quando o nome de Maria é dito por um homem a quem ela amava – um homem que ela havia enterrado.
“Miriam”.
Deus aparecendo nos lugares mais estranhos. Fazendo as coisas mais estranhas. Esticando sorrisos onde apenas havia sobrancelhas franzidas. Colocando piscadelas onde apenas havia lágrimas. Pendurando uma estrela brilhante em um céu escuro. Arqueando arco-íris no meio de nuvens carregadas. Chamando nomes em um cemitério.
“Miriam”, ele disse baixinho, “surpresa!”
Maria ficou em choque. Não é sempre que você ouve seu nome ser dito por uma língua eterna. Mas quando ela ouviu, reconheceu. E quando reconheceu, ela reagiu corretamente. Ela o adorou.
Autor: Max Lucado
Fonte: Irmãos

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