domingo, 19 de fevereiro de 2012

Quando você estiver com pouca esperança

Água. Tudo o que Noé consegue ver é água. O sol da tarde desce nela. As nuvens são refletidas nela. Seu barco está cercado por ela. Água. Água ao norte. Água ao sul. Água a leste. Água a oeste. Água.
Ele enviou um corvo em uma missão de exploração; ele nunca retornou. Ele enviou uma pomba. Ela voltou exausta e tremendo, sem ter encontrado um lugar para abrigar-se. Então, nesta manhã, ele tentou novamente. Com uma oração ele a soltou e observou até o pássaro não ser maior do que um pontinho em uma janela.
Todos os dias ele esperava a volta da pomba.
Agora o sol está se pondo, o céu está escurecendo e ele veio olhar uma última vez, mas tudo o que ele vê é água. Água ao norte. Água ao sul. Água a leste. Água a…
Você conhece o sentimento. Você já esteve onde Noé estava. Você conhece a sua quota de dilúvios. Inundado por tristeza no cemitério, estresse no escritório, raiva por causa da incapacidade em seu corpo ou pela incapacidade de seu cônjuge. Você viu a água do dilúvio subir e você já deve ter visto sol se pôr sobre suas esperanças também. Você esteve no barco de Noé.
E você precisou do que Noé precisava; você precisou de alguma esperança. Você não está pedindo um resgate de helicóptero, mas o som de um seria bom. A esperança não promete uma solução imediata, mas a possibilidade de uma eventual solução. Algumas vezes tudo o que precisamos é um pouco de esperança.
Isso era tudo o que Noé precisava. E foi tudo o que Noé recebeu.
Aqui está como a Bíblia descreve o momento “Ao entardecer, quando a pomba voltou, trouxe em seu bico uma folha nova de oliveira” (Gênesis 8:11).
Uma folha de oliveira. Noé já teria ficado feliz em ter o pássaro, mas ter a folha! Esta folha era mais do que folhagem; era uma promessa. O pássaro havia levado mais do que um pedaço de uma árvore; ele levou esperança. Pois não é isso o que é esperança? Esperança é uma folha de oliveira – evidência de terra seca depois de um dilúvio. Prova ao sonhador de que sonhar vale a pena.
Para todos os Noés do mundo, para todos os que procuram no horizonte um grão de esperança, Jesus declara, “Sim!” e ele vem. Ele vem como uma pomba. Ele vem trazendo fruto de uma terra distante, do nosso futuro lar. Ele vem com uma folha de esperança.
Você recebeu a sua? Não pense que a sua arca está isolada demais. Não pense que seu dilúvio é grande demais. Receba sua esperança, sim? Receba-a porque você precisa dela. Receba-a para que você possa compartilhá-la. Receba sua esperança, sim? Receba-a porque você precisa dela. Receba-a para que você possa compartilhá-la.
O que você acha que Noé fez com a dele? O que você acha que ele fez com a folha? Ele a jogou ao mar e se esqueceu dela? Você acha que ele a colocou em seu bolso e a guardou para um álbum? Ou você acha que ele soltou um grito, reuniu as tropas e a passou como um Diamante de Esperança que ela era?
Certamente ele gritou. Isso é o que você faz com esperança. O que você faz com as folhas de oliveira? Você as passa adiante. Você não as coloca em seu bolso. Você as oferece para aqueles que você ama. O amor sempre espera. “O amor… tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Coríntios 13: 4-7).
O amor tem esperança em você.
O jovem aspirante a autor estava precisando de esperança. Mais de uma pessoa disseram para ele desistir. “É impossível ser publicado”, um mentor disse. “A menos que você seja uma celebridade nacional, as editoras não conversarão com você”. Outro avisou, “Escrever leva muito tempo. Além disso, você não quer todos os seus pensamentos no papel”.
No começo ele escutou. Ele concordou que escrever era um desperdício de esforço e voltou sua atenção para outros projetos. Mas de alguma forma a caneta e o bloco se tornaram uísque e Coca para o viciado em palavra. Ele preferia escrever a ler. Então ele escreveu. Quantas noites ele passou naquele sofá no canto do apartamento remanejando os verbos e os substantivos? E quantas horas sua esposa se sentou com ele? Ele trabalhando as palavras. Ela bordando em ponto cruz. Finalmente um manuscrito estava terminado. Cru e carregado de erros, mas terminado.
Ela lhe deu um empurrão. “Envie. Que mal tem?”
Então foi enviado. Postado para quinze editoras diferentes. Enquanto o casal esperava, ele escrevia. Enquanto ele escrevia, ela bordava. Nenhum esperava muito, ambos tinham esperança de tudo. As respostas começaram e encher a caixa de correio. “Sinto muito, mas não aceitamos manuscritos não solicitados”. “Precisamos devolver seu trabalho. Boa sorte”. “Nosso catálogo não tem espaço para autores não publicados”.
Eu ainda tenho essas cartas. Em algum lugar em um arquivo. Encontrá-las demoraria algum tempo. Encontrar o bordado em ponto cruz da Denalyn, entretanto, não demoraria. Para vê-lo, tudo o que faço é levantar meus olhos deste monitor e olhar na parede. “De todas essas artes nas quais o sábio alcança excelência, a principal obra-prima da natureza é escrever bem”.
Ela me deu o bordado quando a décima quinta carta chegou. Uma editora disse sim. Essa carta também está emoldurada. Qual dos dois é mais significativo? O presente da minha esposa ou a carta da editora? O presente, sem dúvida. Dando o presente, Denalyn deu esperança.
O amor faz isso. O amor oferece uma folha de oliveira à pessoa amada e diz, “Tenho esperança em você”.
O amor também é rápido em dizer, “Tenho esperança para você”.
Você pode dizer essas palavras. Você é um sobrevivente de dilúvio. Pela graça de Deus você encontrou seu caminho para a terra seca. Você sabe o que é ver a água baixar. E por isso, por você ter passado por um dilúvio e sobrevivido para contar sobre ele, você está qualificado a dar esperança para outra pessoa.
Autor: Max Lucado
Fonte: Irmãos

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