Deus, me ensine a cuidar do tempo.
Outro dia fui com um amigo deixar sua pequena filha Geovana* (de uns 4 anos) na aula de inglês.
Recordo que o dia mal tinha nos dado bom dia e nós já estávamos ansiosos pelo trânsito afora, apressados para não chegarmos ainda mais atrasados na escolinha.
Enquanto o farol parecia eternamente fechado, reparei uma outra criança do lado de fora, que de mãos dadas com sua mãe tentava se equilibrar nas rodas de seu patins. Logo cedo ela brincava.
Usei a criança com patins pra puxar assunto com a Geovana.
– Você tem patins, Geovana? – Eu perguntei
– Tenho sim, mas não tenho tempo de andar – Ela respondeu
Não sei muito sobre a Geovana, mas imagino que sua mãe quando gestante partiu com a bolsa estourada pro hospital, pensando até que a menina nasceria no carro em alta velocidade, chegou no hospital e teve de ser atendida com urgência, se quer deu tempo de dar entrada na documentação de internação.
Talvez Geovana tenha nascido com mais de 9 meses.
Talvez chegou no mundo atrasada, e atrasada permanece nele.
As pessoas não suspiram por ar, suspiram por tempo. Procuram o tempo como que desesperados. O procuram como cegos, até tateando. Mas nunca o encontram o esperando ou parado, como canta Gerson Borges o tempo esta sempre correndo e não sabemos para onde.
“Para onde corre a vida?
Para onde corre você?
Para onde corre o tempo?
Que a gente nunca encontra tempo
Pra parar de correr”.
Para onde corre você?
Para onde corre o tempo?
Que a gente nunca encontra tempo
Pra parar de correr”.
Vejam a perversão que se transformou a vida moderna. Geovana logo nova tem que fazer inglês, precisa correr pra se destacar nas competições que nós criamos no convívio social.
Proibimos as crianças de se melar com o danone, de deixar o quarto bagunçado, de comer guloseimas, mas as deixamos vulneráveis aos compromissos. Estão desde de pequenas algemadas ao tempo.
A última coisa que quero ensinar para meu filho é interpretar as horas, vou lhe proibir os palavrões assim como palavras do tipo: que horas são, estou atrasado, já estou indo.
Não quero lhe ensinar a ser descomprometido, mas antes de lhe ensinar a ser comprometido, a ter disciplina, quero lhe ensinar a ser criança. E quem sabe ele aprenda essa difícil tarefa e me ensine um pouco sobre como viver o tempo.
Quero que ele aprenda a ser bom mordomo do tempo que Deus lhe emprestará cada dia, e assim terei esperança que ele nunca tenha que orar como eu, orar pedindo que o tempo pare.
Gospel Prime
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