Um dia Deus escolheu um povo, como se fizesse uma amostragem da raça
humana. Ele deu a esse povo privilégios e responsabilidades que nenhum
outro recebeu, e chegou a dividir a humanidade e estabelecer fronteiras
de acordo com esse mesmo povo. Em Deuteronômio, capítulo 32, diz:
“Quando o Altíssimo deu às nações a sua herança, quando dividiu toda a
humanidade, estabeleceu fronteiras para os povos de acordo com o número
dos filhos de Israel. Pois o povo preferido do Senhor é este povo… Ele o
protegeu e dele cuidou; guardou-o como a menina dos seus olhos.” (Dt
32:8-12).
Até ali Israel tinha sido a menina dos olhos do Senhor, mas isso iria
mudar. Os judeus não percebem que carregam um histórico de rejeição que
em breve culminaria com a condenação e morte de seu próprio Messias.
Mais tarde Jesus revelaria o quanto eles tinham sido rebeldes, ao dizer:
“Jerusalém, Jerusalém, você, que mata os profetas e apedrejas os que
lhe são enviados! Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos, como a
galinha reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não
quiseram! Eis que a vossa casa se vos deixará deserta. E em verdade vos
digo que não me vereis até que venha o tempo em que digais: Bendito
aquele que vem em nome do Senhor” (Lc 13:34-35).
Ao inaugurar o “ano da graça” Deus deixava Israel de lado por um
tempo. O Espírito Santo desceria à terra para inaugurar a Igreja, um
segredo que nem os profetas do Antigo Testamento sabiam. Israel deixaria
de ser o testemunho de Deus na terra, privilégio que seria da Igreja.
Ela seria formada por pessoas tiradas de entre judeus e gentios, uma
ideia humilhante demais para Israel, tão orgulhoso de ter sido a menina
dos olhos de Deus.
As profecias do Antigo Testamento paravam com a chegada da graça e
continuavam com o dia da vingança e o estabelecimento do Reino de
Cristo. Entre uma coisa e outra haveria um parêntese, o atual período da
Igreja, ignorado pelos profetas. Os judeus, que a princípio podem ter
gostado de ouvir Jesus falar em graça, logo ficam irados ao saber que
essa graça iria privilegiar pessoas de povos inimigos, como a viúva de
Sarepta e o leproso Naamã citados por Jesus.
Paulo fala dessa ira e ciúme ao escrever aos romanos: “Moisés foi o
primeiro que disse: ‘Farei que tenham ciúmes de quem não é meu povo; eu
os provocarei à ira por meio de um povo sem entendimento’. E Isaías diz
ousadamente: ‘Fui achado por aqueles que não me procuravam; revelei-me
àqueles que não perguntavam por mim’. Mas a respeito de Israel, ele diz:
‘O tempo todo estendi as mãos a um povo desobediente e rebelde’” (Rm
10:19-21).
Autor: Mario Persona
Fonte: O evangelho em 3 minutos
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